sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

A história de uma vida


Eu sempre fui uma pessoa determinada, desde cedo. Diziam, inclusive, que quando eu era criança tinha personalidade muito forte e pensava de modo avançado pra minha idade. Mas o tempo passou e as coisas mudaram um pouco. De fato, eu vivia a minha vida do meu modo, errando e acertando, mas sempre fazendo o que o meu coração mandava. Nunca fui de ligar muito para o que os outros pensavam sobre mim, isso não me incomodava. Às vezes batia de frente com os meus pais, mas não me intimidava, eu sempre briguei por tudo que queria, mas sempre soube esperar o momento certo pra conseguir. Mesmo eu sendo uma pessoa forte por dentro, cheia de sonhos e objetivos, me mostrava frágil aos olhos das outras pessoas. Era tímida, antissocial, mas isso era só uma questão de tempo, precisava somente me sentir bem e a vontade, que seria capaz de contar a história de toda uma vida para quem estivesse disposto a ouvir. Sempre gostei de brincadeiras em que pudesse correr, pular, cair, me sujar, sabe, brincadeiras de verdade. Mas sempre tive medo de me machucar e minha mãe também me protegia demais, eu só podia brincar de verdade sem ela por perto. Na minha vida as coisas também funcionavam mais ou menos assim, eu queria, gostava, mas minha mãe achava que não era pra mim, e eu tinha medo de me machucar e ela se decepcionar comigo depois. Sempre tive medo de arriscar escolhas na vida. Nos últimos anos eu mudei bastante, mas continuei sendo aquela criança doce e moleca, por isso algumas pessoas não perceberam a diferença, afinal, ninguém está dentro de mim pra saber o que penso, e apesar de falar bastante, nunca consegui expressar meus sentimentos para alguém, não ao certo, além da vergonha que tenho, algo me prende e eu sempre me enrolo nas palavras. Então eu sempre fui uma pessoa por dentro e a “de sempre” por fora, até hoje. Não, isso não é falsidade, eu sempre fui eu mesma, essas “duas fernandas” fazem parte de mim e não sou falsa sendo nenhuma delas. Hoje, eu tenho sonhos, objetivos de vida, e tenho um grande amor que me dá forças e me motiva, pelo qual quero lutar e viver por toda minha vida. Mas muitas falhas na minha história e até mesmo na minha educação, me atrapalham nessa caminhada. Fui muito mimada e super-protegida. Não culpo meus pais, eles sempre quiseram o melhor pra mim, sempre fizeram tudo por mim. Eu só não entendo, como pode eu saber disso tudo e insistir em reclamar de tudo que tenho e tudo que falta pra eu me sentir melhor. Às vezes parece que eu só sei reclamar, nunca estou satisfeita com nada, sou grossa com quem amo, impaciente, ansiosa, cadê aquela menina doce, alegre e paciente que eu sempre fui nessas horas? Esse não é o maior problema, eu não sei se posso dizer isso, mas a minha mãe sempre foi o meu problema, meu ponto fraco, desde que a minha personalidade começou a se formar, sempre brigamos, por tudo e na maioria das vezes por coisas bobas, a minha mãe não tem muita instrução, não concluiu os seus estudos, não trabalha, já é quase uma senhora, ela é estressada, fala coisas que me irritam, age às vezes como criança, tem ciúmes de mim com meu pai, não dá muito carinho e atenção pra gente, só sabe gritar e passa os dias com as vizinhas conversando, aliás, ela só dá atenção pra elas, e elas são bem parecidas com a minha mãe, eu não a culpo por ser assim, ela já passou por muitos problemas na vida dela, eu só não acho certo ela descontar isso na gente, em mim e no meu pai, não acho certo ela querer determinar o que eu tenho de fazer e o que eu devo ser na vida, mas apesar disso tudo, sei que ela me ama e que quando eu cair, ela vai estar do meu lado, eu a conheço bem, talvez melhor até do que ela mesma. Eu sempre tentei achar uma maneira de mudar a nossa relação, mas eu sou orgulhosa e não baixo a cabeça tão fácil assim, como ela, mas se necessário eu baixaria a minha guarda, como tentei algumas vezes, mas ela não ajuda e eu já cansei de tentar. Meu pai sempre foi meu orgulho, meu exemplo, meu paizão, eu sempre quis ser como ele, fazer com que ele tenha orgulho de mim. A gente sempre se deu super bem. Somos bem parecidos, somos pessoas alegres, carismáticas, brincalhonas, e eu poderia até dizer calmas se não fosse o meu estresse. Além da influência que meus pais causam na minha personalidade e das falhas na minha educação, aliás, falhas não, porque eu fui muito bem educada por eles, mas falharam quando me mimaram e protegeram demais. Enfim, existem outras coisas que me perturbam e que influenciam para que eu seja travada com as pessoas, com o mundo. Eu já sofri bastante, apesar de ser nova, muita gente me magoou, seja por falta de compreensão ou falta de amor. Já passei por muitas frustrações, desde cedo, elas me abalaram muito, nunca me derrubaram, mas deixaram marcas, tenho medo do futuro, da solidão, da morte, tenho medo de tanta coisa que é assustador. Sendo que agora, eu estou passando por um momento mais crítico, que não se baseia só em medos, estou passando por uma verdadeira crise econômica mundial. Eu sempre tive meus momentos de fraqueza, de angustia, de nervosismo, mas depois de uma eventualidade meu mundo caiu. Caiu porque não esperava que tudo fosse terminar como terminou, sofri muito no começo, pensei em desistir da minha própria vida, mas sabia que isso só iria piorar tudo, eu não podia fugir assim dos meus problemas, eu tinha de seguir. Hoje, literalmente, estou mais tranquila, apesar de outros problemas, porém eu não me esqueci de nada que aconteceu e continuo me cobrando muito pelo que fiz, sei que não foi errado, mas a reação que provoquei nos meus pais me levam a crer o contrário, então eu começo a me culpar e lembrar de todos os meus erros e acabo piorando meu estado, pensando novamente que eu sou um nada, que eu não mereço nada que tenho, que a minha vida inteira foi um erro. Começo a ter medo como uma criança, medo de encarar a vida, as pessoas, medo de ser independente, pois não sou capaz de me virar sem a ajuda de alguém, já que tenho medo até de ir ao centro da cidade sozinha, medo de assinar um cartão de crédito, medo de ir a uma entrevista de emprego. São obstáculos que me parecem enormes e que eu nunca vou conseguir ultrapassar, mas eu sei que não posso desistir, pois tenho meus sonhos, e nada na vida é fácil, se eu não souber conquistar o meu espaço para ser percebida e admirada, eu vou continuar sendo um nada. Se eu não sou capaz de fazer isso tudo por mim, vou fazer por quem amo. Mas o que importa é que eu vou conseguir, posso demorar, mas com paciência, dedicação e fé, eu consigo. Eu sempre tive o objetivo de ser o meu melhor, para mim e para os outros, errando ou acertando, mas fazendo sempre as escolhas de acordo com o meu coração, seguindo os meus instintos. Até hoje sou assim, apesar de ser uma pessoa confusa e inconstante, mas o importante é que ninguém vive a minha vida, eu faço as minhas escolhas, se errar, fui eu quem errou e eu carrego comigo a certeza de vou aprender com meus erros e de que não os cometerei novamente.

O ano está apenas começando. Beijos grandes :)

Nenhum comentário: